Tendo em vista a necessidade de mensurar, qualificar e orçar um empreendimento, várias especificações internacionais foram desenvolvidas para organizar a informação de um projeto conforme cada uma de suas etapas, cunhando então o termo LOD – Level of Development (Nível de Desenvolvimento). E qual é a relação que ele possui com as dimensões do BIM?

O propósito do LOD é identificar a quantidade, confiabilidade e clareza de informações em um determinado momento do projeto, informações estas que serão utilizadas para o planejamento, orçamento, execução e manutenção da construção. O LOD está diretamente vinculado às terminologias D do BIM, ou dimensões do BIM, que iremos explicar em seguida.

O que são as dimensões do BIM ou as terminologias D do BIM?

Com o intuito de melhor gerenciar as atividades projetuais dentro do conceito BIM, foram criadas as dimensões do BIM. Pelo modo como se desenvolve um projeto, podemos inserir ou excluir tais dimensões na metodologia projetual.

Não há quem desenvolva qualquer tipo de “D” (Dimensão) se ainda não conseguiu dominar o conceito anterior, pois como tudo está envolvido em processos lógicos, não tem como pular etapas e demonstrar total assertividade do projeto desenvolvido.

BIM 3D

O BIM 3D trata-se de um modelo 3D consolidado de todo o projeto, ou seja, englobando tanto o aspecto arquitetônico como elementos mecânicos, hidráulicos e elétricos. Nesta dimensão temos todas as informações de caracterização e posicionamento espacial dele.

Além da melhor visualização espacial, o BIM 3D traz como grande benefício a capacidade de se analisar os conflitos projetuais envolvidos de forma prática e rápida.

BIM 4D

Já o BIM 4D adiciona a variável temporal ao projeto, assim é possível incorporar ao modelo informações sobre cronograma da obra, sequência e fases de implementação. O BIM 4D, além de permitir a visualização virtual e de forma mais fácil o progresso da obra, permite um controle mais preciso sobre os prazos de execução. Assim, ele também nos dá a permissão de simular a execução de uma etapa específica.

BIM 5D

O BIM 5D agrega os custos da obra ao modelo com o planejamento. Assim, cada elemento do projeto realizado passa a ser vinculado a um custo, aos responsáveis e recursos e a um tempo definido de atuação. Com isso, por exemplo, o acabamento do piso de um cômodo fica ligado ao seu orçamento e aos insumos usados na sua produção. 

Uma alteração nas dimensões do ambiente ou até mesmo na mudança do tipo de acabamento, automaticamente atualiza o orçamento da obra. Isto faz com que possamos planejar e evitar desperdícios, analisando as diversas possibilidades que temos ao planejar uma obra e então estimar os custos por fases dela, criando um planejamento efetivo do projeto e consequentemente um cronograma físico-financeiro mais preciso.

BIM 6D

O BIM 6D ajuda a realizar a análise do consumo de energia e está ligado às orientações e conceitos da sustentabilidade. A modelagem utilizando 6D propicia estimativas de gastos energéticos mais completas e precisas desde o início do processo do desenvolvimento até sua concepção final. 

Talvez o mais importante do BIM 6D é a permissão da medição, verificação e a otimização do recolhimento de informações que são tiradas das instalações de baixo, médio e alto desempenho.

BIM 7D

Por fim, o BIM 7D traz a análise do ciclo de vida do projeto e a gestão das instalações, permitindo controlar a garantia dos equipamentos, planos de manutenção, dados de fabricantes e fornecedores, custos de operação e até mesmo fotos. Permitindo aos gestores extrair e rastrear as informações de ativos relevantes, para um controle muito maior do empreendimento.

Quais são as classes do LOD? 

Agora que sabemos sobre as dimensões do BIM, voltemos ao LOD. Entendemos que todos os dados existentes no projeto estão ligados às dimensões do BIM. Mas, quando devemos alimentar o projeto com tais informações? Existe uma fase específica para essa atividade?

O AIA (American Institute of Architects) estabeleceu um total de 5 níveis de LOD (Level of Development).

Iniciando no LOD100 e finalizando no LOD500, ele abrange desde a volumetria até a etapa como construído (As-built). Seguem abaixo cada um deles.

LOD100

Representação volumétrica mostrando a existência do componente/construção e outras informações preliminares sem se preocupar com a forma, tamanho ou localização precisa. As informações aqui são consideradas aproximadas. Apenas informações gráficas.

LOD200

Representação gráfica genérica, com quantidades, tamanho, forma, localização e orientação aproximadas. Eles podem ser reconhecidos como os componentes que eles representam, ou podem ser volumes para reserva de espaço. Informações gráficas e não gráficas aproximadas.

LOD300

Representação gráfica precisa e coordenada, adequadas para levantamento de custos. Quantidade, tamanho, forma e localização precisa. A coordenação e compatibilização entre disciplinas é realizada nesta etapa.

LOD400

Representado com detalhes e precisão suficientes para a fabricação, montagem, instalação, orçamento e planejamento do modelo. Contém informações gráficas e não gráficas.

LOD500

Representado como foi construído. O modelo e os dados associados são adequados para a manutenção e operações da instalação.

Quais são as classes do ND?

Apesar de muitos países utilizarem o padrão de LOD proposto pelo AIA, alguns países desenvolveram seus próprios “níveis de desenvolvimento”, como por exemplo no Brasil, que sendo o único que vincula o LOD às etapas do projeto (estudo de viabilidade, estudo preliminar, anteprojeto, legal, básico, executivo).

A estrutura consiste em níveis de desenvolvimento (ND), que vão do ND-100 ao ND-400, que corresponde ao projeto concluído e detalhado para a geração da documentação para construção, e por último o ND-500, que corresponde ao como construído (as built). Temos, então, as classificações abaixo.

ND-0 – concepção do produto

Estabelece o programa de necessidades e verificar a viabilidade do produto proposto. Nesse momento, apenas um esboço é elaborado a fim de contribuir com a análise de viabilidade.

ND-100 – definição do produto – estudo preliminar (EP)

Inclui elementos do projeto, como estudos de massa (3D), que podem ser representados graficamente como um símbolo ou qualquer representação genérica. Devem ser suficientes para os estudos preliminares e conceituais, e orientativos para o planejamento do projeto.

ND-200 –definição do produto – Anteprojeto (AP)

Os elementos conceituais são convertidos em elementos genéricos com a definição de suas dimensões básicas, permitindo resolver o partido arquitetônico e demais elementos do empreendimento, definindo e consolidando as informações necessárias a fim de verificar sua viabilidade técnica e econômica. Possibilita a elaboração dos projetos legais.

ND-300 – definição do produto – Projeto Legal (PL)

Os elementos do modelo são graficamente representados como um sistema específico, objeto ou conjunto em termos de quantidade, tamanho, forma, localização e orientação.

ND-350 – identificação e solução de interfaces – Projeto Básico (PB)

Os elementos genéricos são transformados em elementos finais, com visão da construção e da identificação e solução das interfaces entre as especialidades. Essa etapa permite consolidar claramente todos ambientes, suas articulações e demais elementos do empreendimento, com as definições necessárias para o intercâmbio entre todos envolvidos no processo. 

A partir da negociação de soluções de interferências entre sistemas, o projeto resultante deve ter todas as suas interfaces resolvidas, possibilitando a avaliação dos custos, métodos construtivos e prazos de execução.

ND-400 – projeto de detalhamento de especialidades – Projeto Executivo (PE)

Esta etapa contempla o desenvolvimento final e o detalhamento de todos os elementos do empreendimento, de modo a gerar um conjunto de informações suficientes para a perfeita caracterização das obras/serviços a serem executadas, bem como a avaliação dos custos, métodos construtivos e prazos de execução. 

São elaborados todos os elementos do empreendimento e incorporados os detalhes necessários de produção, dependendo do sistema construtivo. O resultado deve ser um conjunto de informações técnicas claras e objetivas sobre todos os elementos, sistemas e componentes do empreendimento.

ND-500 – pós-entrega da obra – Obra Concluída

Nesta etapa, tem-se o fim da gestão das fases de obra, e o fim da gestão das fases
de projeto da edificação com a geração do projeto de “As Built” e manuais.

Assim, deixamos claro o que são as dimensões do BIM e sua relação com os níveis de desenvolvimento dos projetos. Agora, o que acha de levar esse conhecimento às pessoas que você conhece? Compartilhe este artigo em suas redes sociais.


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